Díli, 09 nov (Lusa) - A casa do primeiro-ministro timorense, em Díli, na rua Cabo Verde, é a primeira a ter uma placa de numeração (14) na cidade, marcando o início da implementação da nova toponímia da capital de Timor-Leste.
Rui Maria de Araújo, chefe do Governo, descerrou a pequena placa onde, além do número, se indica que a casa - na nova rua de Cabo Verde, na zona do Farol, em Díli - está na aldeia de Alibur, posto administrativo de Vera Cruz e suco de Motael.
A rua Cabo Verde é paralela à travessa Sérgio Vieira de Mello que, por sua vez, é paralela ao início da avenida de Portugal, cuja placa foi também descerrada hoje pelo chefe de Governo e pela secretária de Estado da Cultura, Isabel Ximenes.
Durante a cerimónia de hoje, no mesmo local - o cruzamento onde está o farol de Díli - e além da placa da avenida de Portugal (antiga Jalan Pantai Kelapa), foram descerradas duas outras placas.
Ao longo da baía para leste, a partir do farol e até ao porto de Díli, está agora a Avenida Motael, novo nome da antiga avenida Salazar. Para oeste começa a avenida de Portugal e para sul nasce a rua dos Direitos Humanos, antiga rua Governador José Celestino da Silva, que foi responsável em Timor entre 1894 e 1908.
O ministro da Administração Estatal e ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos da Administração do Estado e da Justiça recordou que o "crescimento exponencial demográfico e habitacional" que se sentiu em Díli nos últimos anos colocou "grandes desafios para o Governo", tornando necessário acelerar o processo de atribuição de topónimos e de numeração dos prédios nas zonas principais da cidade.
"A toponímia é um elemento importante de identificação, orientação, comunicação e localização das edificações no território. É necessário gerir de forma mais otimizada o crescimento do desenvolvimento socioeconómico e cultural do país", destacou.
Babo explicou que numa primeira fase foram já aprovadas 22 avenidas e 70 ruas, estando a avançar a definição dos nomes de travessas e becos em seis sucos piloto da cidade, num processo que envolve consultas a várias entidades.
O primeiro-ministro, por seu lado, sublinhou que este é o arranque de um processo "complicado" que obrigou a definir critérios para escolher os nomes das ruas, o que acaba por ocorrer no 500.º aniversário da "reafirmação da identidade de Timor-Leste e do encontro das duas civilizações", timorense e portuguesa.
O Governo definiu entre os critérios para a atribuição de topónimos ligar os nomes das ruas "tanto quanto possível com os locais porque são conhecidos os arruamentos".
No caso das ruas principais, "devem evocar tanto quanto possível as figuras de relevo nacional, considerando aqui que o conceito de mártires da pátria abrange e representa todos os que heroicamente pereceram na luta pela libertação nacional".
Datas de acontecimentos de "relevo nacional" para serem "reconhecidas pelas gerações futuras", o uso de nomes que "perpetuem valores comuns a todas as nações democráticas" como liberdade ou Direitos Humanos e nomes de países ou cidades estrangeiras "ligados à vida da nação de Timor-Leste ou ao município de Díli" são outros critérios.
A resolução prevê que não sejam atribuídas designações antroponímicas com nome de pessoas vivas, "salvo em casos extraordinários em que se reconheça que, por motivos excecionais, esse tipo de homenagem e reconhecimento deva ser prestado durante a vida da pessoa e seja aceite pela própria".
Estrangeiros ou palavras estrangeiras só serão usados se for "absolutamente indispensável".
Numa primeira fase, a toponímia vai ser aplicada em seis sucos piloto, todos no centro da cidade: Colmera, Motael, Gricenfor, Vila Verde, Akadiruhun e Bidau de Lecidere.
ASP // MP