A salvaguarda de Coloane e a melhoria das condições de trabalho dos funcionários do sector do jogo foram duas das exigências que se fizeram ouvir no domingo nas ruas do território. Os protestos mobilizaram mais de meio milhar de pessoas. O número fica, ainda assim, muito aquém do registado há um ano.
As celebrações do Dia do Trabalhador levaram mais de meio milhar de pessoas às ruas do território, de acordo com os números avançados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública. No total, dez associações saíram no domingo à rua, divididas por oito acções de protesto em que foram exigidas melhores condições de trabalho para os trabalhadores dos casinos do território, mas também a salvaguarda de Coloane.
Não obstante a multiplicidade de causas, a afluência aos protestos foi este ano muito menos do que no ano passado, quando cerca de 1800 pessoas se manifestaram, de acordo com os números avançados na altura pelas forças de segurança.
No domingo, várias associações de cariz operário saíram à rua, mas não reuniram, cada uma mais do que algumas dezenas de apoiantes. Foi o caso da Associação de Força dos Operários de Macau, que reivindicou a continuidade do programa de comparticipação pecuniário criado pelo Governo no final da década passada, assim como a construção de mais habitação social.
A marcha que atraiu uma participação mais expressiva nada teve que ver com questões do foro laboral: o Novo Macau, a Juventude Dinâmica e a plataforma “Our Land, Our Plan” colocaram na rua cerca de uma centena de pessoas que pediam o reforço da protecção de Coloane, bem como um travão à construção na ilha.
“[Queremos] justiça no uso dos terrenos. Tem de haver um equilíbrio entre o valor económico, o valor humano e o valor natural. Frequentemente o Governo enfatiza apenas o primeiro, em detrimento dos outros dois. A colina de Coloane representa bem essa inclinação. Não queremos deixar que o projecto residencial de altura elevada avance”, disse Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau, à agência Lusa.
A liderar a manifestação seguia um dinossauro insuflável, simbolizando o poder destrutivo dos promotores imobiliários, seguido de uma maca onde era transportada a colina de Coloane onde o empreendimento deverá nascer, com seringas espetadas.
“A hegemonia dos promotores monopoliza todos os aspetos da nossa vida, as pessoas não podem viver sem terrenos, sem espaço. [A representação] é um símbolo da colina de Coloane, que está a morrer, precisa de uma transfusão de sangue, precisa de cuidados, precisa que a protejamos”, explicou Scott Cheang.
A acompanhar esta manifestação esteve Lin, de 32 anos, juntamente com a filha de três: “Adoro fazer caminhadas em Coloane. Estou a protestar para proteger as montanhas. Há cada vez mais edifícios em Coloane e um edifício de mais de 100 metros estava a ser planeado, estou preocupada com isto”, afirmou à agência Lusa.
Sam, 22 anos, sublinha que nasceu na cidade e lamenta que Coloane seja a “última área verde de Macau”: “Em Macau e na Taipa está tudo construído, são só prédios altos. Queremos proteger Coloane”, reclamou.
Também com adesão considerável, de cerca de uma centena de pessoas, a Associação de Reunião Familiar de Macau abandonou o Largo do Senado ao fim de várias semanas de protesto. Os membros da associação, formada quase exclusivamente por mulheres idosas que pedem o direito a terem consigo os filhos que deixaram na China continental, desfilaram até à sede do Governo para fazer ouvir as suas reivindicações.
Outro dos protestos que saíram à rua no domingo juntaram três associações do sector do jogo, a Forefront of Macau Gaming, a Love Macau Association e a Nova Associação dos Direitos de Trabalhadores da Indústria de Jogos.
Cloe Chao, presidente da Love Macau, revelou à agência Lusa as principais reivindicações dos funcionários do sector do jogo: “Queremos que toda a área de jogo seja para não fumadores, queremos aumentos salariais para os trabalhadores e alargar o seguro [de trabalho] para incluir o percurso entre a casa e o trabalho”.
Actualmente, só é possível fumar em salas fechadas, com sistema de pressão negativa e de ventilação independente, sendo proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo destinadas aos grandes apostadores.
Cloe Chao explica que, ao contrário do que é habitual, apenas uma operadora de jogo, a Sands, aumentou este ano os salários. Além disso, os trabalhadores queixam-se de vários cortes em pequenas regalias, como a redução das refeições gratuitas no local de trabalho a uma por dia e a redução do orçamento para eventos como festas de Natal e outras actividades do género.
Em comunicado, os Serviços para os Assuntos Laborais comprometeram-se, entre outras coisas, a “proteger a prioridade de emprego dos residentes, executando eficazmente o mecanismo de saída dos trabalhadores não residentes”.
Ponto Final