Pequim, 01 mar (Lusa) - O Partido Comunista da China (PCC) vai "penalizar com severidade" um milionário do setor imobiliário que criticou nas redes sociais o controlo exercido pelo Estado sob os media do país, informou hoje a agência oficial Xinhua.
Ren Zhiqiang tinha 37 milhões de seguidores no Sina Weibo (o Facebook chinês), seduzidos pelo caráter provocativo das suas opiniões.
Apesar de ser membro do PCC, Ren terá questionado sobre se o dinheiro público deve ser gasto em propaganda do partido, após as visitas do Presidente chinês, Xi Jinping, a três importantes meios de comunicação estatais.
O comentário gerou um rol de reações críticas por parte da imprensa oficial e levou ao encerramento das contas de Ren nas redes sociais.
Segundo uma circular do PCC, o milionário deverá agora ser "severamente castigado" e alvo de "duras" penalizações internas.
Ren "tem posto a circular informação ilegal e fez comentários inapropriados 'online'", escreve a Xinhua, citando o documento, que diz ainda que as suas ações "resultaram numa influência negativa e danificaram a imagem do partido".
A Administração do Ciberespaço da China justificou também o encerramento das contas de Ren devido "à influência vil".
A China criminaliza certos tipos de comentários, incluindo aqueles que contêm "rumores", um termo amplo que por vezes se aplica a críticas ao PCC.
O portal Qianlong acusou o empresário de recorrer a argumentos capitalistas e de seguir o constitucionalismo "ocidental", falhando na defesa dos interesses do Partido do qual é membro.
"Quando é que o governo do povo passou a ser o governo do Partido?", questionou Qianlong, sobre o comentário de Ren, entretanto apagado, "Não utilizem o dinheiro dos contribuintes para algo que não lhes providencia qualquer serviço".
Fontes oficiais chinesas indicam que o país emprega dois milhões de pessoas na monitorização permanente da rede. Outra medida 'orwelliana' inclui a contratação de internautas para fazerem comentários pró-Governo em fóruns 'online'.
Ren já tinha causado polémica anteriormente, quando, por exemplo, chamou à televisão estatal CCTV "o porco mais estúpido à face da terra", ou defendeu os altos preços do imobiliário na China, levando inclusive um membro da audiência a atirar-lhe um sapato, num ataque de raiva.
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