Díli, 17 fev (Lusa) - A economia não petrolífera timorense desacelerou em 2015, com um crescimento de 4,3%, mais moderado do que os 5,5% de 2014, devido, em parte, ao menor gasto público, segundo uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A inflação foi de cerca de 1% em 2014 e 2015, "refletindo preços mais baixos dos produtos básicos, um dólar americano mais forte e melhorias nos fluxos de fornecimento", refere o organismo.
Indicadores preliminares, segundo o FMI, apontam para um défice global de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, em grande parte devido à queda nos preços petrolíferos, menor produção petrolífera e retornos menores do investimento do Fundo Petrolífero.
A queda no setor do petróleo afetou também o excedente da conta corrente externa, que caiu em metade, para 24,4% do PIB, em 2014 e recuou para 4,3% do PIB em 2015.
Segundo o FMI, o crédito privado cresceu 10,5% em 2015 e o crescimento médio do PIB não petrolífero deverá rondar os 6%, em parte, devido ao aumento em investimento direto externo.
"Apesar da recente queda nos preços do petróleo ter enfraquecido as previsões macroeconómicas gerais para os exportadores petrolíferos, Timor-Leste tem sido resguardado por poupanças prudentes da sua riqueza no Fundo Petrolífero", considera Yu Ching Wong, que liderou uma equipa do FMI que esteve este mês em Timor-Leste.
A equipa do FMI visitou Timor-Leste no âmbito do processo de consultas anuais aos países-membros.
Durante a deslocação a Díli, refere hoje um comunicado da organização, a equipa do FMI reuniu-se, entre outros, com o ministro de Estado e Coordenador dos Assuntos Económicos, Estanislau da Silva, com o ministro Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações, Gastão de Sousa, e com o ministro do Petróleo, Alfredo Pires.
A equipa manteve ainda encontros com o vice-ministro das Finanças, Hélder Lopes, e com o governador do Banco Central, Abraão de Vasconselos, além de com parceiros de desenvolvimento e representantes do setor privado.
Yu Ching Wong saúda o "compromisso contínuo das autoridades com um quadro fiscal transparente e responsável", apesar de considerar que "são necessárias medidas de consolidação orçamental para salvaguardar a sustentabilidade fiscal".
Os ativos do Fundo Petrolífero "devem ser preservados para fornecer um fluxo adequado de rendimentos de investimento para as gerações futuras", considera Yu Ching Wong.
O FMI sustenta que alcançar a sustentabilidade fiscal requer a definição de prioridades nos investimentos públicos de forma "rigorosa", tendo em conta "os atuais estrangulamentos e as limitações de capacidade de absorção, racionalizando gastos recorrentes, fortalecendo receitas não petrolíferas e aderindo a um plano de consolidação orçamental a médio prazo".
Segundo Yu Ching Wong, é necessário mobilizar mais receitas internas, "para reduzir a dependência de levantamentos em excesso do Fundo Petrolífero", sendo um passo importante a reforma fiscal em curso.
"O crescimento a médio prazo dependerá fundamentalmente da diversificação económica, o que ganhou urgência adicionada à luz da queda na produção de petróleo em campos existentes e na redução associada de recursos fiscais", refere.
Mais formação de capital humano, formação profissional e medidas para aumentar a competitividade das empresas são passos necessários "para catalisar o desenvolvimento do sector privado".
"Timor-Leste, com a sua jovem força de trabalho, está bem posicionado para tirar proveito das tendências globais e regionais de integração, incluindo a sua aplicação à adesão à ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiático]", sublinha o FMI.
"Para maximizar os benefícios dessas oportunidades, o setor privado deve alavancar vantagens comparativas em linha com os fundamentos de Timor-Leste, através da expansão de setores de trabalho intensivo, como a agricultura e o turismo", sublinha.
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