Aung San Suu Kyi, cujo partido venceu as legislativas de Novembro na Birmânia, assumiu hoje simbolicamente a condução do processo de paz no país, onde rebeliões armadas desafiam o poder central há décadas.
"A partir de agora estamos prontos a conduzir o processo de paz, devido ao poder que nos confere o mandato atribuído pelo povo e pelas minorias étnicas", declarou Suu Kyi na conferência de paz que começou hoje na capital birmanesa, Naypyidaw, antes da primeira ronda formal de diálogo a nível nacional entre o governo e oito grupos étnicos armados.
O novo parlamento só se reunirá a 01 de Fevereiro e elegerá então o presidente, mas Aung San Suu Kyi já disse estar "optimista em relação ao fim próximo dos combates".
A prémio Nobel da Paz evocou a possibilidade de uma "verdadeira nação federal", ideia rejeitada até agora pelos militares que têm ocupado o poder.
O presidente birmanês cessante, Thein Sein, um antigo general, insistiu na sua vontade de "passar o processo de paz ao novo governo sem problemas".
Antiga colónia britânica, a Birmânia é confrontada desde a sua independência em 1948 com revoltas de grupos étnicos que exigem mais autonomia.
Em várias regiões fronteiriças, combates mortíferos opõem regularmente exército e grupos rebeldes, situação complicada com a questão do controlo de recursos naturais, como rubis e madeiras preciosas.
A 15 de Outubro, oito dos 15 grupos rebeldes acordaram um cessar-fogo parcial.
Nas últimas eleições, a Liga Nacional pela Democracia de Aung San Suu Kyi obteve uma vitória significativa, incluindo nas regiões dominadas pelas minorias étnicas, onde as expectativas são elevadas.
SAPO TL com Lusa