Rangum, Birmânia, 05 nov (Lusa) -- Um dos estudantes que participou nos protestos de março na Birmânia foi interrogado e deverá comparecer hoje em tribunal, algo que é interpretado como sinal de nervosismo do poder a poucos dias das eleições de domingo.
Interrogado desde terça-feira à noite, Linn Htet Naing, mais conhecido sob o nome de "James", estava foragido há meses.
"Será presente a tribunal hoje", disse à AFP o seu padrasto, Ne Win. Entre as acusações de que é alvo, inclui-se a "manifestação não autorizada".
A informação não foi contudo confirmada pela polícia e autoridades judiciárias.
Em março, Linn Htet Naing esteve entre a primeira centena de estudantes que saiu à rua para protestar contra uma reforma controversa da educação na Birmânia.
Entre os 81 estudantes visados pelas autoridades, 54 continuam detidos, a aguardar o fim dos seus processos.
Entre eles está Phyoe Phyoe Aung, secretário-geral da Federação birmanesa das associações estudantis, e a mulher de James.
Na semana passada, Kyaw Ko Ko, presidente da Federação de estudantes, em fuga desde março, foi também interrogada.
A Amnistia Internacional manifestou recentemente preocupação sobre um regresso de "velhos hábitos" da junta que governou a Birmânia até 2011, antes da realização das eleições de domingo.
As eleições marcadas para 08 de novembro são encaradas como as mais importantes de uma geração, já que o partido hoje liderado pela Nobel da Paz Aung San Suu Kyi não concorria há 25 anos.
A líder da oposição, Aung San Suu Kyi, disse hoje que vai liderar o governo se o seu partido -- a Liga Nacional para a Democracia (LND) - ganhar o escrutínio no domingo.
A presidência birmanesa lançou, entretanto, um vídeo oficial contra a tentativa de uma revolução popular do género da 'Primavera árabe', encorajando a população a aderir à transformação do país "passo a passo".
O governo atual, encarregado de assegurar a transição desde o fim da junta que governava a Birmânia, em 2011, é composto por antigos generais.
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