Jacarta, 30 set (Lusa) -- A Amnistia Internacional (AI) exortou hoje a Indonésia a prestar justiça às vítimas das purgas contra os membros do Partido Comunista e simpatizantes em 1965-66, no 50º aniversário do início de um dos piores massacres do século XX.
Mais de 500.000 pessoas foram mortas neste país do sudeste asiático durante os massacres iniciados após o general Suharto ter reprimido um golpe de Estado que as autoridades então atribuíram ao então poderoso Partido Comunista da Indonésia (PKI), e que implicou o derrube do Presidente Sukarno, e a eliminação do partido enquanto força política.
"Chegou o momento de o Governo indonésio enfrentar o passado e tomar as medidas para desvendar a verdade, prestar justiça às vítimas e conceder-lhes indeminizações", sublinhou a Amnistia em comunicado divulgado na sua página digital.
Diversas ONG recolheram informações sobre numerosos atentados aos direitos humanos, acrescenta a organização, ao citar "atos de tortura", "detenções arbitrárias" e "trabalhos forçados" nesta primeira fase da repressão que decorreu entre 1965 e 1968.
O general Suharto tomou de imediato o poder após o alegado golpe de Estado fracassado em 1965, e dirigiu o país sob regime ditatorial durante 32 anos. Foi afastado do poder na sequência de uma revolta popular em 1998, em plena crise financeira asiática, e morreu em 2008.
"Numerosas vítimas e as suas famílias" vítimas das purgas anticomunistas "ainda são hoje alvo de discriminações", sublinha a AI.
O Presidente Joko Widodo, no poder há cerca de um ano, anunciou recentemente a formação de um comité de reconciliação com o objetivo de resolver todas as violações dos direitos humanos cometidas no passado, mas a Amnistia considera a iniciativa insuficiente e lamenta a "ausência e vontade política".
"A incapacidade de enfrentar as violações de 1965-66 aponta o dedo a uma cultura geral de impunidade na Indonésia", observou a AI.
PCR // JMR – simulação em foto