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Macau em recessão pelo menos até primeiro semestre de 2016 por quebras no jogo -- economista

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Macau, China, 02 out (Lusa) -- O economista Albano Martins previu que Macau se mantenha em recessão pelo menos até ao final do primeiro semestre de 2016 devido à queda continuada das receitas de jogo, o principal motor da economia da região.

Este cenário de "continuada e pesada" recessão vai manter-se este ano e, "pelo menos, até ao primeiro semestre de 2016, muito dificilmente Macau sairá da recessão", defendeu hoje Albano Martins, em declarações à agência Lusa, no dia em que foram publicados os dados oficiais das receitas dos casinos em setembro.

As receitas totalizaram 17.133 milhões de patacas (1.917 milhões de euros), menos 33% do que em setembro do ano passado e o valor mais baixo dos últimos cinco anos. Setembro foi também o 16.º mês de quebras homólogas consecutivas das receitas.

Com base no prognóstico de que nos próximos três meses as receitas dos casinos não devem ficar abaixo de 17 mil milhões de patacas, Albano Martins calculou que "o PIB deverá contrair provavelmente à volta dos 21%", dado que já se verificaram diminuições substanciais em outubro e dezembro do ano passado (23,2% e 30,4%, respetivamente).

O economista notou, porém, ser "preocupante a quebra continuada da receita acumulada": "Se continuar a esse ritmo -- acima de 36% -- pode fazer com que a contração do PIB dispare e, muito provavelmente, pode ir até aos 25% no final deste ano".

Neste contexto, o economista considerou que surge com "grande preocupação" a insistência na "absurda" taxa de aumento anual de 3% do número de mesas de jogo, a qual "não tem sentido" em face dos avultados investimentos.

"Se continuar, então, o nível da recessão vai ser ainda mais complicado. A manutenção dos 3% é uma política para esquecer", defendeu, considerando que outras medidas teriam de ser tomadas e que é também relevante "saber até que ponto as políticas chinesas relativamente ao branqueamento e saída de capitais vão continuar a ser tão restritas".

Para Albano Martins, "resta saber se [este cenário] não é deliberado para forçar um abrandamento, devido aos problemas que o crescimento exponencial do jogo criou no setor económico: a necessidade de muito mais mão-de-obra, uma inflação elevada e um [mercado] imobiliário descontrolado a nível de preços e, portanto, se não é essa de facto a intenção da República Popular da China".

Em face da queda das receitas de jogo, o executivo de Macau colocou em marcha, a 01 de setembro, "medidas de austeridade" que preveem cortes nas despesas da administração, sem tocar em áreas sociais.

Para Albano Martins, "em período de recessão, o Governo deve abrir os cordões à bolsa e intervir e não o contrário".

"Deve fomentar a procura interna através das suas despesas -- que são receitas do setor privado. Fazer assim não tem sentido, até porque continua a ter saldos positivos", afirmou.

Para o economista, quando 80% das receitas da região têm origem no jogo, o "impacto é colossal" na economia e a "prova é que faz baixar o PIB em mais de 20%".

"Se o Governo quer estabilidade tem de tentar permitir que o jogo -- enquanto não tem alternativa -- não esteja numa situação complicada e apoiá-lo, porque é a única indústria que cria riqueza no território".

Relativamente à meta de diversificação da atividade, diz que "quem tem capacidade para diversificar é a indústria do jogo".

"É isso que o Governo vai ter que impor quando renovar os contratos [das operadoras]", afirmou.

O estudo sobre a revisão intercalar do setor, encomendado a uma instituição académica, deve estar concluído até ao final do ano e ser submetido depois a auscultação pública.

DM // VM

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