Díli, 21 set (Lusa) - Timor-Leste tornou-se hoje num dos primeiros países do mundo a subscrever os novos Objetivos Globais de Desenvolvimento Sustentável, um conjunto de 17 metas que devem ser aprovadas esta semana na Assembleia Geral da ONU.
Rui Maria de Araújo, primeiro-ministro timorense, disse que o Governo aprovou hoje em Conselho de Ministros uma resolução para "reconhecer formalmente estes objetivos" bem como a criação de um mecanismo para a sua implementação a nível nacional.
"É um momento de orgulho para nós, que lideramos o mundo no cometimento a um novo quadro de desenvolvimento com objetivos para os próximos 15 anos", disse hoje em Díli.
Os objetivos (GGSD na sua sigla inglesa) foram negociados ao longo dos últimos anos e deverão ser aprovados pelos 193 Estados que participam na reunião desta semana em Nova Iorque.
Abrangendo diversas áreas, pretendem alcançar, nos próximos 15 anos, três grandes metas, nomeadamente o fim da pobreza extrema, o combate à desigualdade e injustiça e o combate às alterações climáticas.
Rui Araújo falava numa conferência sobre a perspetiva do G7 sobre a agenda de desenvolvimento pós-2015, que decorreu hoje em Díli e que foi organizada pelo Ministério das Finanças timorense em parceria com a Foreign Policy Forum.
Com sede em Díli, o g7+ é uma organização intergovernamental que reúne países considerados frágeis que recentemente passaram por conflito e que hoje partilham experiências no processo de desenvolvimento.
Foi a organização que estimulou a inclusão, entre os GGSD, do objetivo 16 que defende a promoção de "sociedades pacíficas e inclusivas para um desenvolvimento sustentável", providenciando a todos acesso à justiça e a construção de "instituições inclusivas e responsáveis a todos os níveis".
Rui Araújo destacou o facto da recente história de Timor-Leste demonstrar a importância do "reforço institucional para promover o desenvolvimento", com a experiência do país a mostrar que "não pode haver paz sem desenvolvimento e não pode haver desenvolvimento sem paz".
"Se não promovermos sociedades pacificas e inclusivas, se não dermos acesso a justiça para todos e se na construímos instituição efetivas e responsáveis a todo os níveis, nenhuma pobreza extrema pode ser terminada, a desigualdade e a injustiça prevalecerão e as alterações climáticas terão a sua conclusão drástica", disse.
O chefe do Governo timorense destacou a necessidade de fomentar parcerias para conseguir estes objetivos, recordando os esforços de Timor-Leste desde a independência e a colaboração que o país tem dado a outros Estados frágeis.
Entre outras, recordou, Timor-Leste apoiou o processo eleitoral na Guiné-Bissau, doou 2 milhões de dólares para o combate da Ébola e apoio os esforços de paz na Republica Centro Africana.
Hélder Lopes, vice-ministro das Finanças, destacou os progressos que a organização tem vindo a registar nos últimos anos e o contributo da Serra Leoa, apesar dos desafios que o surto de ébola trouxe ao país.
"Não é fácil olhar para os desafios globais que todos enfrentamos, quando temos desafios como esses em casa. Mas esta é a solidariedade que está base do G7+, que nos une, apesar das nossas diferenças", afirmou.
"É encorajador ver que os membros do g7+ estão a partilhar experiências e a ajudar-se mutuamente em áreas como paz e reconciliação, gestão de recursos naturais e gestão fiscal", afirmou.
Atualmente o g7+ conta com 20 membros de África e da Ásia: Afeganistão, Burundi, Chade, Cômoros, Costa do Marfim, Guiné, Guiné-Bissau, Haiti, Ilhas Salomão, Libéria, Papua Nova Guiné, Republica Centro Africana, República Democrática do Congo, S. Tomé e Príncipe, Serra Leoa, Somália, Sudão do Sul, Timor-Leste, Togo e Iémen.
Até maio de 2014 a presidência do organismo era da responsabilidade da ex-ministra das Finanças Timorense, Emília Pires, que foi substituída no cargo por Kaifala Marah.
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