Díli, 06 set (Lusa) - Timor-Leste é o país do sudeste asiático onde o consumo do tabaco é mais prevalente, com 56% da população adulta e 71% dos homens a consumir tabaco regularmente, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Os produtores de tabaco transferiram os seus mercados dos países mais ricos para a nossa região. E aqui o consumo de tabaco entre os jovens está a aumentar", explicou hoje em Díli Thaksaphon Thamarangsi, do Departamento de Doenças Não-contagiosas e Ambiente da OMS.
"A cada hora, morrem no sudeste asiático 150 pessoas devido ao tabaco. Muitos por fumo secundário. São mais de 1,3 milhões por ano na região. E os Governos já gastam mais em doenças provocadas por tabaco do que as receitas em impostos do tabaco", explicou.
Os dados vão ser debatidos esta semana em Díli durante a 68.ª sessão do Comité Regional do Sudeste Asiático da OMS, em que participam delegações de 11 países e que dedicará ao tema parte da sua agenda de debate, sendo prevista uma resolução sobre o tema.
A informação mais recente confirma dados preocupantes sobre o consumo do tabaco no sudeste asiático, com quase 35% dos adultos a serem consumidores, sendo que o valor é mais elevado entre os homens: a média de fumadores é de 52%.
Os cálculos são feitos com base em informação do consumo do tabaco em onze países - que integram o escritório regional da OMS - Maldivas, Sri Lanka, Butão, Tailândia, Nepal, India, Indonésia, Myanmar, Bangladesh e Timor-Leste.
Timor-Leste surge, neste grupo, como o que regista índices mais elevados de consumo: 29% das mulheres, 71% dos homens e 56% da população fumam no país.
Entre os jovens a percentagem é especialmente elevada (mais de 42,4%), comparativamente aos restantes países da região, o dobro do segundo valor mais elevado (20,3), que se regista na Indonésia.
Especialmente preocupante, nota a OMS, os dados confirmam um aumento no consumo de tabaco entre os jovens que cresceu de 41% em 2006 para 42,4% em 2013.
Mais de metade da população está exposta a tabaco de forma secundária, o segundo valor mais elevado atrás do Bangladesh (62%) e quase 70% dos estudantes do país dizem estar sujeitos a fumo de tabaco em locais públicos.
A maioria dos alunos no sudeste asiático - cerca de 60% - é exposta semanalmente a publicidade de tabaco, e quase 89% em Timor-Leste, o segundo valor mais elevado atrás da Índia (90%).
"Se não se fizer nada, o número de mortes aumentará nas próximas décadas. Se não se tomarem medidas urgentes, o tabaco pode matar mil milhões de pessoas no século 21", explicou Thamarangsi.
Entre os problemas, explicou, leis tributárias que permitem às produtores de tabaco alterar ligeiramente o seu produto para escapar a impostos mais elevados, visando especialmente os mais pobres.
Os dados surgem numa altura em que em Timor-Leste o Governo tem em curso uma forte campanha de consumo ao tabaco, com anúncios na televisão, em cartazes e folhetos informativos e até no único cinema da capital.
Uma iniciativa apoiada pelo primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo, que aproveitou o Dia Mundial sem Tabaco, 29 de maio, para alertar para o impacto do consumo do tabaco nos fumadores mas também nos que o consomem, em casa ou locais públicos, de forma secundária.
Entre as medidas contam-se a exigência de regras internas em cada Ministério para proibir o fumo de tabaco em edifícios públicos, campanhas de sensibilização e esclarecimento inclusive para que não se fume em transportes públicos e táxis.
O Governo vai ainda apelar para que não se faça publicidade ao tabaco e pela criação de espaços livres de fumo em cafés, restaurantes e outros espaços comerciais.
Medidas transitórias até que o Governo aprove nova legislação de controlo do tabaco para Timor-Leste.
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