Díli, 01 set (Lusa) - Os restos mortais de um soldado australiano não-identificado, morto durante a Batalha de Timor, há 73 anos, vão ser sepultados na próxima semana no Cemitério de Guerra do Commonwealth na ilha indonésia de Ambom.
As ossadas foram encontradas há dois anos durante obras próximo do aeroporto internacional El Tari em Kupang, a capital da metade indonésia da ilha de Timor.
O dono das terras encontrou, ao lado das ossadas, uma lanterna, um relógio e uma taça de metal, o que o levou a supor que se tratava dos restos de um soldado australiano, algo confirmado posteriormente pela embaixada australiana em Jacarta.
Aquele aeroporto, então conhecido como Penfui, foi a base para grande parte dos membros da Sparrow Force (Força Pardal) colocados em Timor, em dezembro de 1941, e a que se juntaram posteriormente efetivos ingleses e holandeses.
Penfui servia como ponto de ligação entre o norte da Austrália e as tropas norte-americanas que combatiam nas Filipinas, pelo que se tornou num dos primeiros alvos, caindo um dia depois.
A Batalha de Timor ocorreu nos dois lados da ilha de Timor, a parte leste sob domínio português e a parte ocidental sob domínio holandês, durante a 2ª Guerra Mundial.
Recorde-se que a invasão japonesa acabou por se materializar na noite de 19 para 20 de fevereiro, quando uma força liderada pelo coronel Sadashichi Doi chega à ilha de Timor, entrando pelo lado oriental.
Os japoneses entraram pela baía de Díli encontrando uma resistência breve na praia, tendo o grosso das tropas aliadas partido em direção à fronteira com o lado ocidental de Timor.
A única resistência militar aliada passou a ser a constituída pela Companhia Independente 2/2 australiana, um grupo de comandos que atua no interior do território conjuntamente com voluntários timorenses.
Cerca de 90 australianos morreram na batalha de três dias, tendo cerca de 180 sobreviventes morrido posteriormente como prisioneiros de guerra.
Testes de ADN feitos a dezenas de famílias que tinham perdido membros na Batalha de Timor foram inconclusivos e não permitiram identificar o soldado.
O Japão, que disse estar a atuar em autodefesa, prometendo respeitar a neutralidade de Portugal - e que sairia da ilha -, só abandonou o território finda a 2.ª Guerra Mundial.
Estima-se que tenha havido mais de 40 mil mortos durante a ocupação japonesa.
Na resistência às Colunas Negras, milícias timorenses armadas pelos japoneses, esteve um dos nomes mais sonantes da história de Timor-Leste: Aleixo Corte-Real, um nobre timorense da região de Ainaro.
Depois de participar em vários combates contra as tropas japonesas foi capturado (em 1943) e fuzilado, assim como toda a sua família.
Aleixo Corte-Real, que foi usado pelo Estado Novo como símbolo de promoção colonial, já tinha, ainda jovem (1911-1912), lutado ao lado de portugueses contra uma coluna de sublevados oriundos de Manufahi e comandada pelo liurai Boaventura.
As cerimónias fúnebres do soldado desconhecido, com honras militares, estão previstas para 10 de setembro no cemitério onde estão mais de 200 campas de soldados australianos mortos durante a 2ª Guerra Mundial.
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