Tomei ontem conhecimento de que o activo e prestigiado pólo de noticias e opiniões Timor Lorosae Nação deixou de ser publicado na web, assim como outros blogues suportados online pelos autores da Fábrica dos Blogs. Uma perda significante. Talvez irreparável no que aquele colectivo significava para a lusofonia e principalmente para Timor-Leste.
Salientando o desempenho do Timor Lorosae Nação, uma fonte constante de informação sobre Timor-Leste, só podemos ficar com a certeza de que estamos mais pobres no conhecimento sobre o que acontece em Timor. Interna e externamente é indiscutível que o trabalho desempenhado por aquele colectivo era sublime e por isso bastante incomodativo nas denúncias fundamentadas e documentadas que divulgava. Um trabalho jornalístico alternativo, independente e sério que gerava muita admiração, mas também amores e ódios. Estes últimos vindos dos apoiantes de personalidades autoras de acções de objecto de denúncia, como no caso do golpe de teatro do 11 de Fevereiro de 2008 e o falso atentado a Xanana Gusmão, primeiro-ministro timorense. Pelas denúncias e documentos apresentados pelo Timor Lorosae Nação concluiu-se facilmente sobre a falsidade das declarações de Xanana Gusmão em conferência de imprensa, onde descreveu o atentado. Mais tarde complementado em processo legal. Palavras de que a informação nacional e internacional fez eco sem pôr em questão contradições e incongruências, então logo surgidas na primeira hora. A alternativa informativa TLN, poucas horas depois do alegado atentado, foi a primeira publicação a questionar o atentado e apontar suspeições do comprometimento de Xanana Gusmão e cúmplices nas terríveis acções daquela manhã em Díli, em que o presidente da república, Ramos Horta, sofreu um atentado à sua vida minutos depois da execução do major rebelde Alfredo Reinado e seu homem de confiança de nome Exposto.
Foi na alternativa TLN que mais este golpe de teatro tétrico de Xanana de Gusmão foi apontado e documentado, desmascarado em muitos aspecto no todo e em partes. O deplorável estado da justiça timorense foi quase quotidianamente acompanhado no trabalho do Timor Lorosae Nação, durante o julgamento de Angelita Pires e cerca de duas dezenas de alegados inculpados. Por ali soube-se da verdadeira farsa que foi o processo em julgado durante alguns meses de 2009. O TLN publicou profusa documentação a mostrar os seus fundamentos sobre as razões por que considerava o julgamento uma enorme farsa, tendo demonstrado o preocupante comprometimento dos media ao não denunciar como deviam o que na realidade se estava a passar na sala de audiências do Tribunal de Díli, muito menos esforçarem-se por facultar ao conhecimento as contradições e incongruências constantes em documentos e falsas declarações que para o tribunal foram consideradas como válidas e prova aceite. Tudo isso a laboriosa equipa do Timor Lorosae Nação denunciou.
Ficou assim a saber quem visitava online a informação sobre Timor Leste, no Timor Lorosae Nação, de mais um eventual crime cometido por Xanana Gusmão, que apesar de não ter sido quem puxou os gatilhos, disso se soube, sempre se recusou a prestar mais declarações sobre o ocorrido naquela manhã. Mentiras que os juízes aceitaram, proporcionando-lhe a impunidade que naquele país é habitual proporcionar aos grandes criminosos. Aliás, o próprio Gusmão está envolvido em caso mais recente na libertação, à revelia da justiça e das leis, do criminoso Bere. Crime por que decerto também não será inculpado.
Tudo isso foi mostrado no TLN. Ficámos informativamente mais pobres mas certos dos maus desempenhos dos profissionais de informação em Portugal, em Timor Leste, em todo o mundo em que prevaleceu a farsa que permite obstaculizar a justiça. País algum sem justiça se pode considerar livre e democrático. Também por culpa dos media, de todos que consideram politicamente correcto silenciar a verdade dos factos ou sequer questionar os que se impõem detentores oficiais da verdade.