Díli, 14 ago (Lusa) - A desaceleração que se sente na economia timorense desde o início do ano era "inevitável", depois do descontrolo de anos anteriores, e pode marcar nova fase de desenvolvimento sustentado, disse à Lusa o ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri.
"A desaceleração era inevitável porque houve uma aceleração descontrolada. No período a partir de 2007 até 2011 e 2012 houve uma aceleração fora do vulgar e desadequada à economia timorense. Esta desaceleração era esperada", disse.
O atual presidente da Autoridade da Região Administrativa de Oecusse e responsável da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse e Ataúro falava numa altura em que alguns indicadores apontam para uma desaceleração económica.
Quedas nas importações, face ao ano passado, e nas receitas do Estado são alguns dos sinais dessa desaceleração que se vê, diariamente, com a menor presença de navios no Porto de Díli, principal porta de entrada de produtos em Timor-Leste.
Mari Alkatiri admite que a desaceleração pode estar a ser impulsionada por outros fatores, que não apenas uma correção da economia, nomeadamente o facto do "próprio Estado não estar a responder aos compromissos que tem com agentes económicos e particularmente timorenses".
Estes empresários, que recentemente se queixaram à Lusa de atrasos significativos nos pagamentos do Estado, "não têm capacidade financeira para resistir a tantas demoras", sublinha Mari Alkatiri.
Porém, explica, ainda que isso baixe a produtividade e o crescimento económico, também acaba por ter um efeito positivo na inflação.
"A economia timorense já estava muito inflacionada, com um crescimento económico a dois dígitos mas na base do consumo, da importação. Era insustentável", afirmou.
"Esta passagem por esta desaceleração, se for bem gerida, é o que vai uma nova política mais coerente mais consistente de desenvolvimento sustentado. Desde que não se atrofie os empresários", considerou.
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