Rangum, 11 ago (Lusa) -- A Birmânia repatriou 159 cidadãos do Bangladesh resgatados dos barcos à deriva nas suas costas em maio, informaram hoje as autoridades, de acordo com a AFP.
Este é o mais recente grupo a ser repatriado depois da crise dos migrantes no sudeste asiático.
Mais de 800 homens, mulheres e crianças foram resgatados dos barcos abandonados pelos contrabandistas na Baía de Bengala nos últimos meses, depois de a Tailândia ter aumentado o controlo sobre as redes de tráfico humano, deixando os migrantes ao abandono em terra e no mar.
Isso conduziu a um longo processo de verificação entre a Birmânia e o Bangladesh para determinar a nacionalidade dos migrantes, sem que nenhum dos países os quisesse aceitar inicialmente.
Na segunda-feira, as autoridades birmanesas entregaram 159 pessoas aos seus homólogos do Bangladesh, segundo a imprensa estatal da Birmânia, que mostrava uma fila, formada sobretudo por jovens, a atravessar uma ponte escoltados por soldados armados.
O processo de verificação dos migrantes não foi ainda concluído.
"Os restantes 230 nacionais do Bangladesh vão ser transferidos assim que possível. Do lado do Bangladesh estão a levar a cabo um rigoroso processo de verificação", disse um responsável governamental no estado de Rakhine à AFP, sob a condição de anonimato.
O responsável disse que as entregas dos últimos grupos foram atrasadas devido às devastadoras inundações registadas na Birmânia nas últimas semanas.
Outros grupos de migrantes regressaram ao Bangladesh em junho e julho.
A operação contra as redes de tráfico humano na Tailândia, no início de maio desencadeou uma crise migratória, com o abandono de barcos com milhares de migrantes nas águas da Indonésia, Malásia e Tailândia.
Mais de 5.000 nacionais do Bangladesh e da minoria étnica 'rohingya' desembarcaram desde então na Indonésia e Malásia, países que a 20 de maio se comprometeram a acolher todos os imigrantes à deriva no mar, desde que a comunidade internacional se comprometa a repatriá-los ou levá-los para um país terceiro no prazo de um ano.
A etnia muçulmana 'rohingya'é alvo de perseguição no oeste da Birmânia e também não é bem-recebida no Bangladesh.
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