Macau, China, 16 mai (Lusa) -- O ator e comediante Ricky Gervais juntou-se ao apelo para a proibição das exportações de galgos da Irlanda para a China, por lhes esperar a "morte certa" quando são vendidos para corridas em Macau.
"Todos os cães que são enviados para Macau vão morrer lá", afirmou o humorista britânico e conhecido defensor dos direitos dos animais, em declarações publicadas no domingo pelo jornal Irish Mail.
Ricky Gervais apelou, na noite de sábado, ao governo irlandês para banir as exportações, numa ação que tem lugar depois de, na passada quinta-feira, 24 galgos terem sido bloqueados no Reino Unido, quando se encontravam em trânsito para a China, e enviados de volta para a Irlanda, devido às más condições em que eram transportados.
Esses cães tinham como destino o Canídromo de Macau, um das mais cruéis pistas de corridas do mundo, onde morrem mais de 20 cães por mês, segundo as organizações de defesa dos animais.
A operar há 50 anos, o Canídromo de Macau viu a licença renovada em 2005, por dez anos, pelo que se gerou a expetativa de que pudesse encerrar no final de 2015. Contudo, o Governo renovou a concessão da Yat Yuen por mais um ano, argumentando que não seria "justo" encerrar o espaço "de um dia para o outro".
Em contagem decrescente para o fim do novo prazo, a Sociedade Protetora dos Animais de Macau (Anima) -- que lançou uma campanha internacional, a que se aliaram associações de defesa dos animais de todo o mundo, para encerrar o Canídromo -- adotou a estratégia de bloquear o fornecimento de cães para Macau.
Sem novos animais, o Canídromo "pode continuar a usar os 700 animais que tem por algum tempo, mas não os pode matar, e vai ter de reduzir o número de corridas", atualmente 18 por dia, acima do mínimo exigido pelo Governo, que é de 12, segundo a Anima.
Em dezembro, a campanha conseguiu que o principal fornecedor, a Austrália, deixasse de exportar cães para Macau.
A campanha focou-se, então, na Irlanda, um fornecedor inicialmente minoritário, mas que agora é essencial para o Canídromo.
A Irlanda proibiu a exportação de cães para a China em 2011, mas a regra não abrange a Região Administrativa Especial de Macau.
O presidente da Anima, Albano Martins, vai deslocar-se à Irlanda no próximo dia 02 de junho, onde espera ser recebido pelo ministro da Agricultura, depois de uma petição para travar o envio de galgos para Macau ter reunido 350 mil assinaturas.
As próprias organizações de defesa dos direitos dos animais da Irlanda envolveram-se na campanha contra o Canídromo, realizando uma série de iniciativas, incluindo protestos. Recentemente também lançaram uma petição em que apelam à companhia aérea de bandeira alemã que pare de transportar os galgos para Hong Kong, a partir de onde seguem depois para Macau, onde enfrentam "uma armadilha mortal".
Numa carta dirigida ao CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, os autores da petição afirmam estar "muito desapontados" com a sua decisão de transportar os galgos, lamentando que a transportadora não tenha seguido os passos de outras companhias aéreas.
Essa petição reuniu até hoje mais de 55 mil subscritores.
DM (ISG/MP) // MP