João Pimenta, da Agência Lusa
Pequim, 08 mai (Lusa) - Após sete anos em Pequim, André Ferreira está "adaptado"à cultura local, casou e, em breve, será pai, mas a sensação que teve, quando aterrou pela primeira vez na China, permanece até hoje.
"Monumental", diz, quando desafiado a descrever o país mais populoso do mundo numa só palavra. "As praças, as ruas, os edifícios, a quantidade de pessoas, tudo é em grande escala", afirmou.
André, que trabalha no desenvolvimento de plataformas multimédia, visitou Pequim pela primeira vez em 2008.
No ano seguinte, decidiu voltar para viver: "Tive a oportunidade de fazer um projeto por cá e, obviamente, agarrei-a".
Nascido em Luanda e criado em Lisboa, é um dos dez participantes da mostra de fotografias "O Olhar dos Portugueses na China", organizada pelo Clube Português de Pequim (CPP).
"Há partes da cultura chinesa que amo e outras de que gosto menos; com a fotografia tento guardar os aspetos de que gosto mais", explicou André à agência Lusa.
Aquela exposição reúne 23 fotografias e retrata a China desde da cidade de Kashgar, na região autónoma de Xinjiang, junto à Ásia Central, até Shaoxing, uma histórica vila na costa sudeste.
Inaugurada na sexta-feira, está patente até hoje no 'Modernista', um icónico bar situado num dos raros 'hutongs' - os típicos becos de Pequim - que não foram arrasados para dar lugar a construções em altura.
Aquele quarteirão, cuja origem remonta ao século XIII, tornou-se nos últimos anos o novo centro da movida de Pequim e, onde outrora se erguiam habitações acanhadas, surgem hoje cafés, bares e restaurantes.
"O objetivo da exposição é os portugueses darem a conhecer a China através dos seus olhos", vincou à agência Lusa João Teixeira, um dos quatro organizadores do evento.
Formalmente constituído em novembro passado, o CPP é a primeira associação cultural e recreativa portuguesa criada em Pequim, cidade onde residem cerca de 150 portugueses, na sua maioria jovens.
A par daquela iniciativa, o CPP organizou também uma mostra de filmes de Angola, Brasil e Portugal, inserida na agenda de comemorações do Dia da Língua Portuguesa e Cultura Lusófona, assinalado a 05 de maio.
As longas-metragens, exibidas este sábado no jardim de uma pousada no coração da capital chinesa, foram "Cinco dias, cinco noites", "O Emigrante", "O Auto da Compadecida", "Atrás das Nuvens" e "Chinês é Tudo Igual".
"É bom que a comunidade portuguesa e a sociedade civil se encarreguem também de uma parte da tarefa de promover a língua portuguesa aqui", enalteceu o embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira.
Além de Pequim, também Xangai, a "capital" económica da China, situada na foz do rio Yangtse, passou no ano passado a contar com uma associação portuguesa.
Em Macau e Hong Kong, as duas regiões administrativas especiais da China, existem ainda a casa de Portugal em Macau e o Clube Lusitano.
O 05 de maio foi instituído como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona há dez anos, numa cimeira dos oito países que constituíam então a CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), e que têm, no conjunto, cerca de 250 milhões de habitantes.
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