Sydney, Austrália, 29 abr (Lusa) - Investigadores advertiram hoje que numerosos recifes da Grande Barreira de Coral, jóia do património australiano, podem desaparecer nos próximos 20 anos devido ao branqueamento em massa causado pelas alterações climáticas.
Na passada semana, outros cientistas anunciaram que a Grande Barreira de Coral, inscrita no património da Humanidade, estava a atravessar o pior episódio de branqueamento de corais alguma vez registado e precisaram que 93 por cento dos recifes estavam a ser afetados.
Observações aéreas e inspeções submarinas permitiram aos investigadores da universidade James Cook de Townsville (nordeste), no estado de Queensland, constatar que apenas 07% da Grande Barreira escapou ao branqueamento, que pode ser fatal para os corais.
Este fenómeno traduz-se por uma descoloração dos corais e é provocado pelo aumento da temperatura da água, que leva à expulsão de algas simbióticas que dão ao coral cor e nutrientes.
Os recifes podem recuperar se a água arrefecer, mas podem também morrer se o fenómeno persistir.
Num outro estudo, peritos do Centro de Excelência para a Ciência do Sistema Climático, um organismo financiado pelo governo australiano, consideraram que estes episódios de branqueamento vão passar a ser a norma para os corais se as emissões de gás com efeito de estufa, responsáveis pelas alterações climáticas, continuarem a aumentar.
Estes episódios podem passar a verificar-se a cada dois anos.
Uma vez que são talvez precisos cerca de 15 anos para que os recifes recuperem destes episódios, "corre-se o risco de se perderem secções inteiras da Grande Barreira nas próximas duas décadas".
De acordo com os investigadores, o aquecimento climático traduziu-se em março por mais um grau na temperatura do oceano que banha o estado de Queensland (leste), em relação ao valor habitual. Foi também em março que o branqueamento foi observado pela primeira vez.
"Estas temperaturas extremas vão ser a norma na década de 2030, submetendo os ecosistemas da Grande Barreira de Coral a uma pressão muito forte", indicou Andrew King, um dos cientistas que contribuiu para o estudo do Centro de excelência para a ciência do sistema climático.
"Destruimos as hipóteses de sobrevivência de uma das maiores maravilhas naturais do nosso mundo", lamentou.
EJ APN