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Petrolífera australiana quer "alinhamento" com Timor-Leste sobre projeto de gás

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Díli, 21 abr (Lusa) - O presidente da petrolífera australiana Woodside reitera no relatório anual de 2015 da empresa que os governos de Timor-Leste e da Austrália devem "alinhar-se" para fazer avançar o desenvolvimento do projeto de gás Greater Sunrise.

"Durante o ano [2015] a Woodside continuou engajada com os governos da Austrália e de Timor-Leste sobre as oportunidades de desenvolvimento do Sunrise", refere Michael Chaney, na mensagem aos acionistas.

"Continuamos empenhados no projeto mas precisamos alinhamento do Governo para garantir certezas no investimento futuro", sublinha.

A mensagem é praticamente idêntica à deixada nos últimos relatórios trimestrais, confirmando o pouco ou nenhum avanço neste tema.

Em 2015, a Woodside, como operador do consórcio Sunrise, "manteve os compromissos relacionados com as suas obrigações e continuou as suas atividades de investimento", refere o relatório.

Os campos do Greater Sunrise, localizados em 1974, contêm reservas estimadas de 5,1 triliões de pés cúbicos de gás e estão localizados no mar de Timor, aproximadamente a 150 quilómetros a sudeste de Timor-Leste e a 450 quilómetros a noroeste de Darwin, na Austrália.

A concessão do Greater Sunrise é controlada pela Woodside (o operador com 33%) a que se somam a ConocoPhillips, a Royal Dutch Shell e a Osaka Gas.

O projeto, atrasado pelo impasse na definição das fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália e por diferenças de opinião sobre o modelo de refinação, continua sem qualquer calendário definido.

Nos bastidores da polémica sobre o Sunrise está o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), celebrado entre Díli e Camberra mas que Timor-Leste declarou inválido devido a atividades de espionagem por parte da Austrália. Ao abrigo do tratado, os 'royalties' do campo de Greater Sunrise seriam divididos ao meio entre os dois países.

Caso uma fronteira marítima seja definida, o campo poderia ficar totalmente em águas timorenses.

Em causa está ainda a questão da construção de uma unidade de processamento de Gás Natural Liquefeito (GLN) na costa sul da ilha, opção da qual o Governo timorense não abdica e que insiste ser a mais barata, tendo já realizado investimentos na zona.

Esses investimentos deviam ser ampliados no âmbito da assinatura, em agosto do ano passado, do maior contrato de sempre da história do país, de 720 milhões de dólares, com a coreana Hyundai Engineering & Construction para a construção de toda a unidade de apoio no sul.

Esse projeto, conhecido como Tasi Mane, também está atualmente em limbo depois de a Câmara de Contas ter recusado o visto prévio ao contrato, decisão de que o Governo timorense recorreu, o Tribunal de Recurso.

A Woodside realiza hoje a sua assembleia-geral de acionistas, marcada já pelo voto negativo de mais de 27% dos acionistas ao plano de remuneração da direção, especialmente depois de nova queda nos resultados no primeiro trimestre deste ano.

As receitas caíram 30% no primeiro trimestre, em termos homólogos e face a 2015, para 982 milhões de dólares, o segundo pior registo trimestral dos últimos cinco anos.

ASP // MP

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