Há exatamente uma semana que arrancou a campanha eleitoral para a presidência da Guiné Equatorial. Sobre a campanha eleitoral, em português, desde então (dia 7 de Abril) nada de notícias podemos encontrar sobre o acontecimento, ao contrário dos restantes países lusófonos. O Página Global, em contacto com fontes da Guiné Equatorial, conseguiu colher informações que em nada confirmam a declarada abertura democrática do regime de Teodore Obiang, o atual presidente – que está no poder presidencial, ditatorialmente, há quase 40 anos.
Candidatos opositores a Obiang esbarram frequentemente nas dificuldades de cumprirem livremente as agendas programadas para esta campanha eleitoral, apesar de ainda há poucos dias o regime de Obiang ter assumido compromissos de abertura e de democratização do país em acordo com a CPLP.
“O resultado das eleições vai ser o mesmo de anteriormente, noutras eleições, Obiang será reeleito. Aqui na Guiné Equatorial é ele quem põe e dispõe, é ele quem manda e atemoriza. Não será desta vez - certamente só quando estiver perante a morte - que vai abandonar o poder que tem exercido com exageradas práticas ditatoriais, absolutamente violadoras dos direitos humanos. O que espanta é o facto de os países da CPLP terem aceite o ingresso deste regime antidemocrático na organização dos países lusófonos”. Desabafaram.
“Tem sido comprovadamente flagrante o ânimo das práticas de controle, dificuldades geradas e ameaças de repressão contra os candidatos presidenciais opositores. Uns candidatos mais que outros têm sido objeto de pressões e ameaças que são inadmissíveis em regimes democráticos. A fraude eleitoral vai ser novamente uma realidade. Essa é a realidade deste país, que a família Obiang e o seu séquito tudo fazem para manter e prolongar no tempo. Ninguém espere que os resultados contenham uma única gota de legitimidade democrática. Isso não irá acontecer. Os países do mundo democrático, a CPLP, têm muita responsabilidade no que acontecerá devido ao apoio e reconhecimento que visivelmente dão aos Obiang”. A solução dos opositores de Obiang é o boicote eleitoral e as denúncias dirigidas ao mundo democrático." Acrescentaram.
Do passado dia 7 recolhemos a já referida notícia da Lusa que aqui reproduzimos a seguir. Pela convicção afirmada pelas nossas fontes e pelas práticas denunciadas acreditamos que estão reunidas as condições para anunciar a realidade do resultado eleitoral na Guiné Equatorial: Teodore Obiang, vencedor das eleições em 24 de Abril com cerca de 90% dos votos alegadamente expressos. A fraude é enorme. (PG)
Campanha eleitoral na Guiné Equatorial arranca com boicote da oposição
A campanha eleitoral das presidenciais de 24 deste mês na Guiné Equatorial arranca hoje, votação que conta com sete candidatos e que é marcada pelo boicote dos principais partidos da oposição, que denunciaram várias irregularidades na preparação do escrutínio.
Teodoro Obiang Nguema, Presidente cessante e no cargo desde 1979, recandidata-se a novo mandato de sete anos, liderando uma coligação de uma dezena de forças políticas, entre elas o Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE, de que é também líder), sendo o principal favorito.
Os candidatos que defrontarão o Presidente cessante são Bonaventura Monsuy Asumu, do Partido da Coligação Social Democrata (PCSD), Carmelo Mba Bakale, da Ação Popular da Guiné Equatorial (APGE), Avelino Mocache Mehenga, da União do Centro Direita (UCD), e três candidatos independentes, cujos partidos ainda não foram legalizados, Agustin Masoko Abegue, Benedicto Obiang Mangue e Tomas Mba Monabang.
A Frente da Oposição Democrática (FOD), coligação que reúne os principais partidos da oposição na Guiné Equatorial, apelou a 23 de março ao boicote das presidenciais, considerando estarem reunidas todas as condições para "fraudes".
O FOD agrupa o principal partido da oposição, a Convergência para a Democracia Social (CPDS), a União Popular (UP), a Força Democrática Republicana (FDR) e o Movimento pela Autodeterminação da ilha de Bioko.
"O resultado é conhecido antecipadamente devido às múltiplas irregularidades e fraudes já preparadas", declarou Esono Onda, secretário-geral da CPDS, único partido da oposição que tem representação parlamentar com um deputado e um senador.
A 26 de março último, Esono Onda disse à Lusa que o partido não reconhecerá o Presidente saído da eleição, pois as ilegalidades são "muitas" e não há condições para que a votação decorra com transparência e com credibilidade.
"Vamos boicotar. Isto não são eleições, mas simplesmente um trâmite para que o Presidente Obiang, que já leva 37 anos no poder, junte mais sete anos. Não vamos às eleições, até porque os resultados são já conhecidos", afirmou Esono Onda.
As eleições presidenciais estavam previstas para novembro, tendo sido antecipadas para 24 de abril por decreto presidencial e sem explicação oficial.
Decano em termos de longevidade no poder dos chefes de Estado africanos, Obiang Nguema, 73 anos, venceu as presidenciais de 2009 com 95,3% dos votos.
O seu regime é regularmente criticado por organizações de defesa dos direitos humanos devido à repressão dos opositores, da sociedade civil e dos meios de comunicação social, assim como pela extensão da corrupção.
Lusa, em Notícias ao Minuto
Página Global – em Guiné Equatorial