Sydney, Austrália, 03 abr (Lusa) -- O governo do estado australiano de Queensland atribuiu hoje as licenças de exploração relativas ao controverso projeto mineiro do grupo indiano Adani, criticado pelo potencial impacto na Grande Barreira de Coral, classificada pela UNESCO como Património Mundial.
O grupo indiano afirmou, no entanto, que vai esperar pelos recursos judiciais interpostos contra o projeto Carmichael antes do financiamento definitivo.
O governo do estado de Queensland anunciou que três licenças de exploração -- envolvendo 11 mil milhões de toneladas de carvão -- foram acordadas para este projeto avaliado em 21,7 mil milhões de dólares australianos (14,6 mil milhões de euros).
"Este é um importante passo em frente para este projeto, decidido após uma exaustiva avaliação do governo", afirmou a primeira-ministra de Queensland, Annastascia Palaszczuk, em comunicado.
"As mais rigorosas condições continuarão a proteger os interesses do ambiente, dos proprietários de terrenos e a nossa emblemática Grande Barreira de Coral", acrescentou.
Este projeto de exploração de carvão, que se tornará um dos maiores do mundo, foi criticado por associações de defesa do ambiente que têm denunciado os efeitos nefastos para o maior recife de coral do planeta.
O impacto sobre o clima, em geral, é outra questão levantada, face à influência do carvão nos gases com feito de estufa, algo que não demoveu o Governo australiano em julho de 2014, quando deu "luz verde" ao projeto.
O grupo Adani congratulou-se com o anúncio, afirmando que a atribuição das licenças deu ao consórcio indiano certezas sobre o arranque do projeto, cuja construção deverá iniciar-se em 2017, dependendo da finalização de outras autorizações secundárias.
Contudo, o grupo condenou as ações interpostas na justiça que, a par dos consentimentos estatal e federal necessários, viu o processo de autorizações prolongar-se por cerca de seis anos.
"A conclusão dessas autorizações secundárias e a resolução de desafios judiciais politicamente motivados é o principal foco antes de ser tomada qualquer decisão final de investimento", disse um porta-voz do grupo em comunicado.
"Tendo anteriormente pensado em avançar para a fase da construção em 2015, a Adani está perfeitamente consciente dos riscos sobre o avanço das grandes obras antes da conclusão destes assuntos", apontou.
A atribuição das licenças surge um mês depois de as autoridades do estado de Queensland terem aprovado o projeto sob cerca de 140 condições.
No entanto, para dar início ao projeto, a empresa indiana tem pelo menos dois obstáculos jurídicos a ultrapassar.
Um deles foi apresentado por um grupo aborígene, que apresentou uma queixa no tribunal federal de Brisbane por a Adani não ter consultado a população antes de avançar com a ideia do projeto.
O segundo passa pela Fundação para a Conservação Australiana, que apresentou um recurso junto do Supremo Tribunal Federal logo após o Governo ter autorizado o projeto pela segunda vez, em outubro de 2015.
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