Já vem da há tempos atrás a luta de Timor-Leste para sentar à mesa de negociações a Austrália com a abordagem à ocupação ilegal, segundo as leis internacionais, do Mar de Timor. Reconhecidamente a Austrália ocupa parte do Mar de Timor ilegalmente com o intuito de se apoderar de substancial espaço dos campos petrolíferos de Timor-Leste, campos com jazidas de petróleo e gás que está ilegalmente a explorar. Em linguagem normal e popular chama-se a isto um roubo.
No último ano Timor-Leste vem pressionando com maior acuidade a Austrália para que reconheça o facto e negoceie com Timor-Leste o limite da fronteira marítima de acordo com as leis internacionais. É evidente que a Austrália terá de recuar muitas milhas. É evidente que a Austrália não terá mais a possibilidade de roubar o petróleo e o gás de Timor-Leste. Por esse motivo a Austrália procura ganhar tempo, procura explorar ilegalmente as jazidas de petróleo e gás que não lhe pertencem. Nessa perpetiva de ganhar tempo nega a sentar-se à mesa das negociações, mais tarde sentar-se-à e voltará a procurar ganhar tempo. A Austrália procurará esgotar o mais possível o tempo que considere necessário para também esgotar as jazidas que ocupa e explora ilegalmente e contra a vontade dos timorenses.
Foi ontem que a notícia da Lusa nos dava conhecimento de uma mega manifestação em Díli, capital de Timor-Leste. Num país com uma população ínfima reuniram-se muitos milhares de timorenses junto da embaixada australiana - Milhares protestam em Díli contra Austrália por causa de fronteiras marítimas - em protesto pela posição da Austrália em se recusar a sentar-se à mesa de negociações, reconhecer a ilegalidade que está a cometer e recuar na linha de fronteira que o Direito Internacional estabelece.
Inseridos na legítima luta contra a ocupação australiana do Mar de Timor pela Austrália, a organização de veteranos da luta de libertação timorense, a ACBN, participante na manifestação de protesto e no processo de luta pela libertação do Mar de Timor ilegitimamente ocupado emitiu uma carta aberta ao primeiro-ministro australiano já aqui publicada e que poderão ler no TA. Carta aberta que foi lida durante a mega manifestação junto à embaixada da Austrália em Díli e entregue ao embaixador, representante em Timor-Leste do governo australiano chefiado por Malcolm Bligh Turnbull, primeiro-ministro da Austrália.
Quer o destino dos timorenses que após 24 anos de ocupação indonésia ainda tenham de suportar a ocupação australiana do Mar de Timor com o intuito puro e duro de roubar o que de todo pertence aos timorenses. Já que a Austrália tem a posição que se conhece também compete à comunidade internacional fazer-se ouvir e apontar à Austrália o cumprimento do Direito Internacional, o recuo para a linha da sua fronteira marítima, e a indemnização devida aos timorenses pelo debulho de anos e anos de exploração indevida das jazidas supra citadas.
Página Global / MM
*Introdução em Página Global à citada Carta Aberta ali publicada. Texto adaptado para a publicação em Timor Agora.