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EUROPA VOLTA A SANGRAR ÀS MÃOS DO DAESH

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Uma Europa ainda em convalescença, a tentar recuperar dos atentados de novembro, que causaram 130 mortos em Paris, voltou a ser atacada no coração, por um inimigo repetido. Desta vez, o Daesh atingiu Bruxelas, casa das principais instituições europeias.

O terror renasceu às primeiras horas da manhã de terça-feira, com duas explosões no principal aeroporto da Bélgica e uma terceira numa estação de metro central. O último balanço apontava para 34 mortos e perto de 250 feridos, mas as próximas atualizações deverão trazer contornos ainda mais negros.

O puzzle vai-se montando, com as novas peças a agigantarem a dimensão do terror. A palavra foi, na sexta-feira, usada pelas autoridades francesas e belgas, a propósito do 13 de novembro, em Paris. "Ainda faltam peças ao puzzle", disseram, na altura, os responsáveis dos dois países. Tinham acabado de deter, em Bruxelas, Salah Abdeslam, principal suspeito dos atentados perpetrados na Cidade-Luz, e garantiam que ainda havia um longo caminho pela frente.

Terça-feira, eram 8 da manhã na Bélgica (7 horas em Portugal continental) quando, no aeroporto de Zaventem, o mais importante do país, o terror chegou a uma porta de embarque para os Estados Unidos. A uma série de disparos e gritos em árabe - segundo relato de testemunhas no local -, seguiu-se um par de explosões, em simultâneo, perpetradas por dois bombistas suicidas, resultando em 14 mortes.

Uma parte do teto desabou e o pânico instalou-se, havendo mesmo relatos de corpos desmembrados. A infraestrutura foi de imediato evacuada, com todos os voos a serem suspensos. Pouco depois, os primeiros vídeos começaram a ser divulgados nas redes sociais. Num, vê-se a fachada do aeroporto de Zaventem parcialmente destruída e uma multidão em fuga. Noutro, várias pessoas procuram recompor- -se do impacto da explosão, sob uma intensa nuvem de fumo. Mais tarde, seria divulgada a existência de uma terceira bomba, que acabaria por ser desativada.

Mas, tal como acontecera em Paris, o pesadelo não se desenhou num golpe solitário. Uma hora depois do primeiro ataque, e com as ondas de choque a extravasarem já as fronteiras da Bélgica - o reforço de segurança foi nota de destaque na Europa e nos Estados Unidos -, outra explosão lançou o pânico no centro da cidade, desta vez na estação de metro de Maelbeek, bem perto da Comissão Europeia e do Conselho Europeu. O balanço era ainda mais mortal: 20 mortos e mais de 100 feridos, apontavam os média belgas. Tudo em plena hora de ponta.

Cidade em estado de sítio

Era o terror a voltar em grande escala, e uma cidade em estado de sítio: ambulâncias, sirenes e helicópteros em todo o lado, as autoridades a aconselharem as pessoas a ficar em casa e a Comissão Europeia a aumentar o nível de alerta para laranja, o quarto mais elevado. Portugueses apanhados, apenas uma, de 30 anos, que ficou ferida durante o apoio às vítimas. Foi o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, quem o confirmou.

Já durante a tarde, o "mea culpa" esperado: o Daesh reivindicou a autoria do atentado, através da sua própria agência de comunicação. "Prometemos aos Estados cruzados que se aliaram contra o Estado Islâmico mais dias sombrios", lia-se no comunicado, em jeito de ameaça. Entretanto, Bruxelas começava, aos poucos, a voltar à normalidade possível, sob o signo da promessa do rei Filipe. "O dia 22 de março nunca mais será um dia como os outros", disse, já depois de terem sido decretados três dias de luto nacional. A pouco mais de 300 quilómetros, a Torre Eiffel erguia-se na noite com as cores da bandeira belga, solidária com as dores de uma ferida que Paris já sofreu na pele. E que é, cada vez mais, de toda a Europa.

Ana Tulha – Jornal de Notícias

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