Díli, 03 mar (Lusa) - O Presidente da República timorense, Taur Matan Ruak, reiterou hoje que a demarcação das fronteiras marítimas, "assunto pendente das relações com a Austrália", é uma prioridade nacional e deve contribuir para aprofundar as relações bilaterais.
"Acredito que os nossos povos, mutuamente solidários ao longo da história, as nossas duas democracias, saberão encontrar, pela negociação e diálogo, soluções aceitáveis mutuamente vantajosas, dando nesse processo novos contributos para o reforço da estabilidade, confiança e liderança regionais", disse o chefe de Estado.
"A solução deste dossiê contribuirá para aprofundar ainda mais as nossas relações de boa vizinhança e amizade e para reforçar a confiança mútua", afirmou.
Taur Matan Ruak falava no arranque de um almoço em honra do governador-geral da Austrália, Peter Cosgrove, o homem que em 1999 liderou as forças multinacionais que restabeleceram a paz em Timor-Leste depois do referendo da autodeterminação.
Cosgrove está desde quarta-feira em Timor-Leste para uma visita durante a qual, além de encontros com o chefe de Estado e com o Governo, falou no Parlamento Nacional e se reúne com veteranos timorenses.
Uma visita que permite, disse o chefe de Estado, comemorar "a amizade duradoura e estável entre" os dois países e os dois povos e recordar o contributo "decisivo" de Cosgrove para "a paz e a segurança dos timorenses". Laços cimentados ao longo da história em que os dois povos "partilharam momentos de dor e grande provação", incluindo na 2ª Guerra Mundial, quando os timorenses "sofreram pesadas baixas" para apoiar militares australianos.
Momentos antes do arranque do almoço de Estado, Taur Matan Ruak conferiu a Cosgrove o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste, a mais alta condecoração que do país atribuída a estrangeiros.
"Reflete o sentido reconhecimento, meu e dos timorenses, pela ação notável de vossa excelência e o seu contributo pessoal, ao longo dos anos, em prol da estabilidade e segurança do nosso país e da região e do aprofundamento da amizade e confiança entre Timor-Leste e a Austrália", explicou.
O Grande Colar da Ordem de Timor-Leste só é atribuído a chefes de Estado estrangeiros que se distingam "pela sua ação em benefício da comunidade, de um país ou mesmo da Humanidade".
O Presidente da República reconheceu o papel da Austrália em 1999 e, desde aí, o apoio a vários setores em Timor-Leste, no processo de construção nacional em curso.
"O intercâmbio cultural e económico entre os nossos povos é intenso. A assistência da Austrália é importante e apreciada pelos timorenses", disse.
"A cooperação entre Timor-Leste e a Austrália contribui para o reforço da estabilidade e segurança regionais. Desejamos continuar a aprofundar e a alargar esta cooperação, para impulsionar um desenvolvimento económico regional mais integrado, gerador de mais bem-estar para as populações", afirmou.
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