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Radicais marcam rumo de Hong Kong nas ruas e na cena política

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Hong Kong, China, 21 fev (Lusa) -- As eleições intercalares num círculo de Hong Kong, a 28 de fevereiro, assinalam a estreia eleitoral de novos atores radicais no território, que podem roubar espaço ao campo democrático tradicional.

"O candidato apoiado pelo campo democrático [Alvin Yeung Ngok-kiu, do Partido Cívico] parece estar numa batalha difícil com muitos concorrentes e, no final, pode acabar por perder para o campo pró-sistema", afirmou à Lusa o académico Chung Kim-wah, da Hong Kong Polytechnic University.

No Ano Novo Chinês, na zona de Mong Kok, a 08 de fevereiro, elementos de novos grupos radicais, designados 'localists', envolveram-se em confrontos violentos com a polícia, que deteve perto de meia centena de ativistas.

O lugar no Conselho Legislativo (LegCo) no círculo New Territories East pertencia a um deputado pró-democrata, que se demitiu em rutura com o Partido Cívico.

Agora, entre os sete candidatos ao lugar está Edward Leung Tin-kei, estudante de Filosofia da Universidade de Hong Kong e porta-voz do Hong Kong Indigenous que, como outros membros deste grupo, foi detido no âmbito dos motins.

O Hong Kong Indigenous é um dos grupos 'localists' que, em comum, têm a hostilidade ao governo regional e ao governo central chinês, a defesa da identidade do território e a rejeição do amor incondicional à pátria e ao Partido Comunista.

"Eu acompanho o Facebook e outras plataformas online e parece que muitos jovens, incluindo alguns dos meus alunos, estão a mudar o seu apoio para este candidato", afirmou o académico Chung Kim-wah, da Hong Kong Polytechnic University.

"Nesta altura não acho que ele vá ser eleito, mas penso que vai ter uma boa votação em termos globais", acrescentou.

Chung Kim-wah considera, porém, que a crescente onda de apoio a Edward Leung pode dividir o voto contestatário e beneficiar o candidato do campo pró-Pequim: Holden Chow Ho-ding, da Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB, na sigla inglesa).

Na campanha, Edward Leung tem defendido a radicalização de métodos de resistência para proteger os valores de Hong Kong.

Além disso, o porta-voz do Hong Kong Indigenous considera que um dos problemas de Hong Kong é o 'parallel trade' (comércio paralelo) -- que deriva das compras realizadas por visitantes do interior da China na região, e que tem sido associado à escassez de bens de consumo e aumento da inflação na região.

Afastada do centro financeiro de Hong Kong e uma das zonas ocupadas durante os protestos pró-democracia em 2014, Mong Kok tem sido desde então palco de protestos diários contra o 'comércio paralelo'.

Considerados os mais violentos dos últimos anos, os motins correspondem a uma alegada resposta de grupos locais para proteger os vendedores ambulantes ilegais numa ação de fiscalização pelas autoridades.

Constituem a maior demonstração de descontentamento popular desde os protestos pró-democracia em 2014, e ocorreram num momento em que aumentam receios sobre a influência do governo central nos assuntos de Hong Kong e persistem dúvidas sobre o desaparecimento, no final do ano passado, de cinco editores que publicavam livros críticos de Pequim.

O Conselho Legislativo aprovou entretanto uma moção de condenação dos protestos e de apoio à polícia, incluindo um apelo para o reforço de pessoal e de equipamentos de segurança, mas chumbou outra para a criação de uma comissão de inquérito sobre os confrontos.

Wong Sing-chi, do novo partido político Third Side, fundado e dirigido por dois antigos membros do Partido Democrático, e os independentes Lau Chi-shing, Albert Leung Sze-ho e Christine Fong Kwok-shan completam o leque de sete candidatos ao lugar em aberto de deputado, uma vaga que será ocupada apenas alguns meses até às legislativas de setembro.

Quase um milhão de eleitores (940 mil elegíveis de acordo com a comissão eleitoral) daquele círculo vai ser chamado às urnas.

A antiga colónia britânica, com 7,2 milhões de habitantes, passou para a soberania chinesa em 1997, sendo governada sob o princípio 'um país, dois sistemas' até 2047.

FV // PJA – Na foto: AtivistA Ray Wong / SCMP

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