Macau, China, 20 dez (Lusa) - Sete associações mobilizaram hoje dezenas de pessoas para manifestações em Macau, no dia do 16.º aniversário da passagem da administração para a China, para pedirem mais democracia, melhor acesso à habitação ou o direito à reunião familiar.
As manifestações e estas reivindicações por parte dos manifestantes são habituais no dia que se assinala a criação da Região Administrativa Especial de Macau, a 20 de dezembro de 1999, quando Portugal deixou de administrar o território.
O grupo mais numeroso que hoje percorreu as ruas de Macau, sob chuva, foi o da Associação Reunião Familiar de Macau, formado, quase exclusivamente, por pessoas já idosas, que pediam o direito a terem consigo os filhos que deixaram na China continental.
Em causa estão já, na maioria dos casos, filhos adultos, que há anos esperam ter o direito de se reunir com os pais, que vivem em Macau, onde se instalaram no passado, para trabalhar.
Menos numerosos, mas mais jovens, foram os manifestantes da Novo Macau, a maior associação pró-democracia do território e o mais próximo de um partido político em Macau.
A reivindicação da Novo Macau é por "mais democracia", um "tópico franja" ainda em Macau e "menos popular" do que outros, disse à Lusa um dos organizadores do protesto, realçando que, porém, esse é um "elemento fundamental" para resolver e abordar questões de diversas áreas, incluindo sociais.
Para a associação, "por trás" dos problemas de Macau está um Governo do território que "não é representativo do seu povo", pelo que o protesto de hoje insistiu, mais uma vez, na reivindicação do sufrágio universal para eleger o chefe do Executivo da região.
As associações Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, Força de Operários e do Povo de Macau, Força do Povo de Macau e Federação de Operários de Macau foram outras das entidades que convocaram protestos e hoje desfilaram nas ruas da cidade, com cartazes e faixas e ao som de palavras de ordem.
Izzie, de 23 anos, e um grupo de amigos escolheram fazer o protesto com a Iniciativa de Desenvolvimento de Macau, de cuja convocatória ficaram a saber pelo Facebook.
Segundo explicou à Lusa, foi à manifestação para protestar contra o favorecimento de construtores e "ricos" na questão da habitação. A sua reivindicação é por mais construção pública de habitação económica, explicando que os salários dos jovens não permitem hoje o acesso à compra de casa em Macau.
Todas as manifestações terminaram em frente da sede do Governo de Macau, onde representantes de todas as associações entregaram petições.
Para além destas manifestações, que haviam sido autorizadas e anunciadas pela polícia, a Rádio Macau noticiou um protesto na zona norte da cidade, de compradores de casas de uma urbanização (Pearl Horizon) que não foi construída no prazo dado ao promotor do projeto, pelo que o Governo de Macau decidiu recuperar os terrenos.
Os manifestantes chegaram a cortar o trânsito numa rotunda da zona da Areia Preta, no norte da península de Macau, segundo a rádio.
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