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CHINA QUER RECENTRAR A FRENTE ASIÁTICA DA II GUERRA MUNDIAL

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Pequim, 08 jul (Lusa) - Para muitos europeus, a frente asiática da II Guerra Mundial reduz-se ao confronto entre os Estados Unidos e o Japão. Na China, a história oficial é diferente e de um lado e outro do Estreito de Taiwan, a memória varia.

A "Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa", como o conflito é mencionado nos manuais escolares chineses, começou cerca de quatro anos e meio antes do ataque japonês a Pearl Harbor, mais precisamente a 07 de julho de 1937.

Naquele dia, conhecido familiarmente como "7 do 7", tropas japonesas estacionadas no nordeste da China atacaram uma guarnição à entrada de Pequim, iniciando a invasão generalizada do país.

Para o governo chinês, que estima em mais de 35 milhões o número de baixas civis e militares causado pela invasão japonesa, a China foi mesmo "o principal campo de batalha da frente oriental da Guerra Anti-Fsscista Mundial".

O referido ataque ocorreu junto à Ponte Marco Polo, a 17 quilómetros do centro de Pequim, no mesmo local onde se ergue hoje o "Museu da Guerra Contra o Japão".

Na altura, a China estava em guerra civil, dividida entre o governo do Partido Nacionalista, com capital em Nanjing, e as forças do Partido Comunista, mas com a invasão, a velha hostilidade foi substituída por uma "frente unida".

"Graças aos incansáveis esforços do Partido Comunista Chinês (PCC), constituiu-se a Frente Unida Nacional Anti-Japonesa, assente na cooperação entre o Partido Nacionalista (Guomindang) e o PCC", ensina a exposição inaugurada esta semana no museu da Ponte Marco Polo com o título "Grande Vitoria, Contribuições Históricas".

A cooperação, que se dissolveria depois da guerra, "abriu a primeira grande frente anti-fascista mundial", proclama a exposição.

Pelas contas chinesas, cerca de 70% das baixas militares japonesas (quase dois milhões de mortos e feridos) ocorreram na China.

O presidente Xi Jinping e os outros seis membros do Comité Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder no país, visitaram a exposição logo no primeiro dia, todos vestidos de calça preta e camisa branca, a cor do luto na China.

No conjunto, o certame reúne cerca de 4.000 fotografias e objetos históricos, distribuídos por uma área de 6.700 metros quadrados e com o conteúdo das diferentes secções escrito em chinês e em inglês.

Em 2013, pela primeira vez, soldados do exército nacionalista foram homenageados na Republica Popular da China como "heróis da resistência anti-japonesa", contrariando a narrativa habitual, que glorificava apenas o papel do PCC.

No "Dia Nacional da Vitória da China na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa", instituído em 2013, as autoridades chinesas divulgaram uma lista de 500 mártires e heróis que inclui os nomes de 90 generais e outros oficiais do Partido Nacionalista (Guomindang).

Após a rendição do Japão, em setembro de 1945, a guerra civil chinesa recomeçou e só terminou quatro anos mais tarde, com a vitória do PCC e a retirada do governo do Guomindang para Taiwan, onde continua hasteada a bandeira da Republica da China (sem o adjetivo "popular").

"O respeito que estas pessoas merecem era devido há muito tempo (?) História é história e todas as suas verdades devem ser reveladas e aceites", comentou então um jornal oficial chines.

Nas primeiras décadas de governação comunista, até 1979, e sobretudo durante a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), os nacionalistas eram simplesmente descritos como "reacionários" e "inimigos do povo".

As relações melhoraram muito nos últimos anos e desde 2008, pela primeira vez em mais de meio século, já há transportes diretos entre o continente chines e Taiwan.

As duas economias estão também cada vez mais integradas, mas o passado não é visto da mesma maneira.

Há menos de uma semana, numa parada militar comemorativa do final da II Guerra Mundial, o presidente de Taiwan, Ma Ying-jiu, insistiu que "face à História, há apenas uma verdade".

"A vitória da guerra de resistência foi o resultado da heroica luta de todos os nossos cidadãos liderada pelo Generalíssimo Chiang Kai-skek. Ninguém deve adulterar ou falsificar isso", disse Ma Ying-Jiu.

AC // APN

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