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Ex-ditador da Birmânia vê Aung San Suu Kyi como "futura líder"

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Rangum, 06 dez (Lusa) -- Than Shwe, ex-líder da junta militar que governou a Birmânia numa ditadura que durou quase meio século, vê a sua antiga némesis Aung San Suu Kyi como "futura líder" do país, de acordo com o seu neto.

Than Shwe, que dirigiu a Birmânia com mão de ferro por quase duas décadas até 2010, encontrou-se com a líder da oposição birmanesa Aung San Suu Kyi na sexta-feira.

O partido da Nobel da Paz prepara-se para assumir o poder depois da vitória massiva nas eleições do passado mês de novembro.

As conversações marcam uma forte reviravolta na sorte de Aung San Suu Kyi, que foi mantida em prisão domiciliária durante anos pelo general na reserva, hoje com 82 anos de idade, por liderar um movimento democrático contra o seu exército.

"Todos têm de aceitar a verdade de que Daw Aung San Suu Kyi vai ser a futura líder de Myanmar [Birmânia] depois de ter vencido as eleições", disse Than Shwe, citado num 'post' publicado, no sábado, no Facebook pelo seu neto, Nay Shwe Thway Aung.

"Irei apoiá-la sinceramente o quanto puder se ela realmente trabalhar para o desenvolvimento do país", afirmou, segundo o comentário publicado na rede social.

Win Myint, um porta-voz da Liga Nacional para a Democracia (NLD), de Suu Kyi, confirmou a reunião de sexta-feira, indicando que foi a primeira vez que os dois se encontraram desde 2003.

Prémio Nobel da Paz em 1991, Suu Kyi, que a junta militar manteve sob detenção durante mais de 15 anos, está, porém, impedida de se candidatar à presidência birmanesa devido a um artigo da Constituição, que exclui pessoas casadas ou com filhos estrangeiros - uma disposição que se considera feita à medida, ou seja, para visar diretamente a opositora, viúva de um britânico e com filhos de nacionalidade britânica.

Apesar de a candidatura à presidência ser impossível, Aung San Suu Kyi, de 70 anos, tinha garantido que vai dirigir o governo, depois de o seu partido ter conquistado, em novembro, a maioria no parlamento naquelas que foram as primeiras eleições livres em mais de 25 anos.

O novo parlamento deve tomar posse em janeiro, o qual vai eleger, entre fevereiro e março, o novo Presidente e dois vice-presidentes.

DM (EJ/PSP) // ATR

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