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Eleitores portugueses em Macau aumentam mais de um terço em dois meses

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Macau, China, 07 jul (Lusa) -- Quatro mil portugueses recensearam-se em Macau até hoje, mais de um terço em relação aos 11.000 registados no final de abril, quando começou uma campanha de recenseamento para as eleições do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP).

Os números não oficiais foram avançados hoje, na véspera da data limite para o registo de votantes que podem participar nesta eleição, por uma associação envolvida na campanha.

Os dados foram confirmados à Lusa pelo cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno, que remeteu mais informações para quarta-feira.

Atualmente, os titulares de passaporte português recenseados em Macau deverão rondar as 15.000 pessoas.

As eleições para o CCP realizam-se a 06 de setembro, para eleger 80 conselheiros, incluindo três pelo círculo da Ásia, que inclui Macau, Hong Kong e China, Tailândia e Japão.

Este é o primeiro ano em que o recenseamento é obrigatório para eleger os conselheiros.

Pela primeira vez, três associações de matriz portuguesa estiveram envolvidas no recenseamento, com balcões próprios dentro do consulado entre maio e junho.

Foi o próprio cônsul que, em abril, lançou o convite à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), à Casa de Portugal e à Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) para ajudarem nos registos, para colmatar a escassez de recursos humanos do consulado.

Hoje foi apresentada oficialmente uma lista liderada por José Pereira Coutinho, presidente da ATFPM, e composta também por Rita Santos e Armando de Jesus, da mesma associação. Esta é, até à data, a única lista candidata.

"Estamos contentes com os dados não oficiais do recenseamento. É um número bastante animador", disse José Pereira Coutinho, também deputado à Assembleia Legislativa de Macau.

Rita Santos -- que na lista substitui Fernando Gomes, atual presidente do CCP -- previu hoje uma participação de 50% a 60% dos eleitores na votação de 06 de setembro.

Segundo declarações do cônsul à Rádio Macau em abril, menos de mil pessoas votaram nas últimas eleições, apesar dos cerca de 11.000 recenseados entre 160.000 registados no consulado, incluindo residentes de Hong Kong.

A campanha de apelo ao recenseamento esteve, desde o início envolta em polémica, com informações falsas de que a ausência de registo eleitoral levaria à perda do passaporte português e da pensão paga através da Caixa Geral de Aposentações.

Estas mensagens terão sido particularmente dirigidas aos portadores de passaporte português naturais de Macau, grande parte idosos e alguns não falantes de português.

"Isso correu pela cidade", confirmou Amélia António, presidente da Casa de Portugal, que foi contactada por residentes preocupados com a situação. No entanto, ressalvou desconhecer a origem das mensagens.

"Não sabemos se [as mensagens] são verdadeiras ou falsas. A única coisa que podemos dizer é que [a afluência ao recenseamento] é uma coisa muito positiva", comentou, por sua vez, Pereira Coutinho.

Nas eleições de 2003, em que Pereira Coutinho teve uma vitória expressiva e incontestada, registaram-se também polémicas, com permanentes sugestões e alegações de que a máquina administrativa e organizativa da ATFPM foi utilizada como aparelho de campanha da lista concorrente ao CCP.

Em torno da candidatura de Pereira Coutinho pairaram também sempre suspeitas de que a força eleitoral da lista derivava de uma "arregimentação" pouco ética dos membros da associação, em grande número com nacionalidade portuguesa, mas completamente desligados cultural e linguisticamente de Portugal.

Questionado sobre o perfil dos eleitores que ajudou a recensear para as próximas eleições, Pereira Coutinho garantiu que "são pessoas instruídas, inteligentes e que sabem o que estão a fazer".

FV/ISG // EL

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