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Mar que separa foi mar que uniu Portugal e Timor-Leste - Presidente timorense

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Lifau, Timor-Leste, 27 nov (Lusa) - O mar que geograficamente separa foi o mesmo que uniu os povos, as culturas e os países de Portugal e de Timor-Leste, num contacto que em 500 anos deixou "sinais profundos" nas duas culturas, declarou hoje o Presidente timorense.

"Muitas vezes pensamos no mar como a realidade que nos separa de outros povos e de outras culturas, de outras terras. Mas o mar pode também unir", afirmou Taur Matan Ruak em Lifau, na praia do enclave de Oecusse onde há 500 anos chegaram navegadores portugueses.

"Naquele tempo Lifau foi ponto de encontro entre os dois povos. Este encontro foi importante porque representou a abertura de timor ao mundo exterior. O contacto duradouro entre timorenses e portugueses deixo sinais profundos nas nossas duas culturas", disse.

Taur Matan Ruak falava na cerimónia de inauguração do novo monumento que na praia de Lifau, no enclave de Oecusse, assinala o 500º aniversário desse contacto e que para o chefe de Estado mostra como o mar "serve para unir povos, culturas e países".

A caravela, em bronze, e as oito figuras que a acompanham - o navegador, o padre, o porta-estandarte, dois marinheiros e três timorenses - foram desenhadas pelo escultor português Jorge Coelho e fabricadas pela Fundição Lage de Oliveira do Douro, Vila Nova de Gaia.

Num discurso em português, Taur Matan Ruak recordou que a língua portuguesa foi a língua da resistência porque "era uma língua que os combatentes compreendiam mas os adversários não", tendo a igreja católica sido "a instituição nacional que mais fortemente partilhou e viveu as angustias e sofrimentos do povo durante a guerra".

O cristianismo que entrou em Lifau, disse, "tornou-se uma parte importante da espiritualidade e da cultura timorenses" e o seu povo juntou-se a uma família "grande, com familiares na América, na Europa, em imensos países africanos".

"A família da CPLP, essa família, para nós nasceu em Lifau. É por isso que com enorme alegria inauguro este monumento que nos recorda que o mar também serve para unir a humanidade", afirmou.

"Este monumento é também uma verdadeira homenagem aos nosso avós timorenses que há muitos, muitos anos, se cruzaram um dia, pela primeira vez, com portugueses e com o cristianismo. Bem hajam, povo de Lifau, bem haja o povo de Timor-Leste", declarou.

Entre os vários momentos da cerimónia de hoje, foram lançados dois novos selos e envelopes do primeiro dia a marcae o 500.º aniversário do contacto entre Portugal e Timor-Leste.

Nos dois, vê-se o padrão que originalmente recordava em Lifau a chegada dos portugueses, sendo que no de valor facial de 1,5 dólares está um chefe tradicional timorense e um pedaço de tais, o pano tradicional.

O segundo, de valor facial de um dólar, tem uma mulher timorense que transporta dois cestos nos ombros, e as montanhas de Timor-Leste, com uma frase em referência ao sândalo, uma das riquezas da ilha.

// APN

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