Díli, 16 out (Lusa) - A principal associação sindical de jornalistas da Austrália anunciou hoje a criação da uma nova bolsa para jornalistas timorenses em memória dos seis repórteres australianos mortos em Timor-Leste em 1975.
A bolsa "Cinco de Balibó - Roger East" foi anunciada pela Media Entertainment Arts Alliance (MEAA) no 40.º aniversário do assassinato por tropas indonésias de cinco jornalistas australianos na vila de Balibó, a 16 de outubro de 1975.
Um sexto jornalista, Roger East, foi morto durante a invasão indonésia de Díli a 07 de dezembro de 1975.
Nunca foi julgada qualquer pessoa por responsabilidade por estas mortes e o Governo australiano foi criticado por nunca ter pressionado a Indonésia sobre o assunto.
Gary Cunningham, Malcolm Rennie, Tony Stewart, Brian Peters e Greg Shackleton estavam em Timor-Leste numa altura conturbada, com sucessivas ações levadas a cabo pelos principais partidos, Fretilin e UDT, e um ambiente de guerra civil, escolhido pela Indonésia para a invasão.
Os cinco jornalistas foram mortos durante uma operação indonésia naquela vila fronteiriça, numa antecipação da invasão total de Timor-Leste que se deu a 07 de dezembro seguinte.
Os jornalistas foram surpreendidos por um corpo de forças especiais indonésias que atravessou a fronteira com Timor-Ocidental, juntou-os numa casa, matou-os a tiro e queimou os corpos.
O local ficou conhecido porque nas últimas imagens antes do assassinato, Greg Shackelton é visto a pintar na parede exterior a bandeira australiana e a palavra "Austrália", hoje novamente recordada naquela casa.
Em setembro de 2000, pressões sobre o assunto levaram Camberra a admitir que o governo australiano sabia que a Indonésia ia invadir Timor-Leste em 1975.
Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, negou no entanto que houvesse conhecimento do ataque a Balibó em outubro de 1975, em que foram mortos os jornalistas.
A bolsa anunciada hoje, explicou Paul Murphy, responsável da MEAA, pagará viagens e cursos e ajudará na colocação laboral de jornalistas timorenses em redações do país.
"Um programa prático como este é a forma mais apropriada de honrar e comemorar os Cinco de Balibo e Roger East", disse Muprhy.
"Uma década depois de Timor-Leste se ter tornado independente, a liberdade de imprensa ainda é frágil e há poucas estruturas formais para desenvolver as qualificações dos jornalistas", sublinhou.
Várias cerimónias estão planeadas em vários pontos da Austrália e em Balibo, hoje, devendo ser apresentado em vários locais a longa-metragem "Balibo", que recorda a morte dos jornalistas.
ASP // MP